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Esta eu não entendi. O jornal A Gazeta publicou, na editoria de Dia-a-dia, neste sábado (14/06), a seguinte reportagem:

Empresas entram na Justiça para impedir greve de ônibus

Diante de mais uma ameaça de paralisação dos rodoviários, as empresas de ônibus da Grande Vitória entraram na Justiça do Trabalho na tentativa de impedir qualquer novo movimento de greve da categoria. Em maio, eles pararam por três dias, prejudicando quase 600 mil usuários do transporte público.

Os rodoviários já disseram que podem paralisar as atividades novamente na próxima semana. Eles não concordam com a ampliação do intervalo de almoço, de 1 hora para 2 horas, como pretendem os empresários. Alegam que, com isso, teriam que ficar mais tempo à disposição das empresas.

Segundo os rodoviários, no último acórdão ficou combinado que seria mantido o que já está determinado na convenção coletiva. Dessa forma, o intervalo do almoço seria de uma hora, com extensão máxima de 1h20.

“Demos entrada em um pedido de embargo no Tribunal Regional do Trabalho para que ele seja revisto e esclarecido”, afirmou o advogado do Sindirodoviários, Aides Bertoldo.

Em relação à possibilidade de uma paralisação na terça-feira, o presidente do Sindirodoviários, Edson Bastos, disse, em entrevista ao Gazeta On Line, que os trabalhadores estão “irritados” e não descartou a hipótese de interrupção das atividades. “Greve é só em último caso. Mas acho que não será preciso porque esse problema é fácil de resolver”, ponderou.

As entidades que representam as empresas de ônibus informaram, por nota, que só tomaram conhecimento da ameaça de uma nova greve pela imprensa e que, até ontem, não haviam sido procurados por nenhum representante do Sindirodoviários para discutir o assunto.

O mote da reportagem é a movimentação das empresas de transporte de passageiros na tentativa de impedir, na justiça, uma nova greve dos rodoviários. Isso está claro desde o lide. Mas foi somente no último parágrafo, que o lado das empresas é ouvido ‘oficialmente’ pela matéria. As entidades representantes disseram ter tomado conhecimento das reivindicações dos motoristas e cobradores, somente por meio da imprensa!

Na hora de ouvir o outro lado é preciso verificar a razoabilidade das declarações. Caso contrário o princípio do contraditório perde sua força e corre-se o risco de limitar a atividade ao jornalismo declaratório. Ou seja, ouve-se um lado, depois o outro, e pronto: dever cumprido, como se o teor das declarações não devesse ser objeto de atenção dos jornalistas. Aí surgem casos como a reportagem acima. Parece que a nota enviada pelas entidades representantes das empresas não condiz bem com a realidade. A consequência é que o leitor fica completamente perdido; a mercê da eficiência das assessorias de comunicação das emrpesas e da inoperância do jornalismo em cumprir minimamente o seu papel.

Será que as empresas entraram mesmo na justiça? Os empresários tomariam essa medida somente por causa de rumores surgidos na imprensa?  A quem interessa a estratégia de apresentar os rodoviários como inconsequentes que, antes mesmo de apresentar as reivindicações aos patrões, já ameaçam entrar em greve?

Será que a declaração das empresas deveria ter sido publicada dessa forma? Eu acho que não. Jornalista tem que estar informado o suficiente para poder questionar. O jornalismo não pode se limitar a ser porta voz de dois lados, já que ele também é responsável pelas consequências de tudo aquilo que publica.

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